Irmãs Concepcionistas

100 Anos de uma peregrinação numa história a acontecer.

Em 1925, há precisamente um século, Maria Isabel Picão Caldeira Carneiro (Madre Isabel da Santíssima Trindade) embarcou numa jornada espiritual de procura de Deus, que deixaria marcas indeléveis na sua vida. A peregrinação jubilar a Roma e a outros lugares santos da Europa foi um verdadeiro itinerário de fé, refletindo o espírito de uma época de renovação espiritual.

Maria Isabel nascida em 1889, em Santa Eulália, concelho de Elvas, já havia experimentado alegrias e tristezas quando partiu nesta peregrinação. Com 36 anos, viúva, dedicava-se ao anúncio do Evangelho e à caridade, respondendo ao chamamento do Senhor que a levaria, mais tarde, a fundar a Congregaçãodas Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres.

Em Lourdes, diante da Gruta de Massabielle, terá sentido uma mensagem de Nossa Senhora sobre a sua vocação religiosa: “Obediência e Conformidade”. Esta experiência mística influenciou a sua decisão posterior de fundar uma nova congregação religiosa.

Na época, em toda a Europa, as peregrinações ganhavam novo ímpeto. O fenómeno de Fátima, ocorrido apenas oito anos antes, em 1917, havia reavivado o interesse pelas manifestações marianas e pelas peregrinações em geral. Esta peregrinação de Madre Isabel da Santíssima Trindade foi um momento de transformação pessoal que teve repercussões duradouras.

 

A peregrinação de 1925 ocorreu no Ano Jubilar, quando Roma acolhia fiéis de todo o mundo. Para Madre Isabel, foi uma oportunidade única de testemunhar a universalidade da Igreja e de fortalecer a sua própria fé. Em Roma, teve o privilégio de ver o Papa Pio XI e de participar na canonização de Santa Teresa do Menino Jesus na Basílica de São Pedro.

Este exercício espiritual de caminhar foi um contexto favorável ao discernimento, para poder dar passos alinhados com a vontade de Deus. E os passos de Madre Isabel, em peregrinação, foram de inquietude e de abertura aos apelos do Senhor. Nela foi surgindo um forte desejo de entrega a Deus na consagração religiosa.

Esta viagem não se limitou a Roma. Madre Isabel peregrinou a diferentes santuários em Itália, Suíça, França e Espanha.

Ao refletirmos sobre este centenário, somos tocados pelas palavras do Papa Francisco sobre o significado do peregrinar: “caminhar coloca-nos em relação com o que está a acontecer ao nosso redor, faz-nos descobrir sons, cheiros, ruídos da realidade que nos circunda. Aproxima-nos da vida dos outros.”

A peregrinação de Madre Isabel da Santíssima Trindade há 100 anos convida-nos a considerar a nossa própria vida de fé. Lembra-nos que, como peregrinos de esperança, estamos sempre em movimento, sempre em busca de uma compreensão mais profunda de Deus e do nosso lugar no mundo.

Que este centenário sirva como inspiração para renovarmos a nossa própria fé e o compromisso com o serviço aos mais pobres, seguindo o exemplo inspirador de Madre Isabel da Santíssima Trindade, que nos deixou este forte apelo:
“Custe o que custar, para a frente é o caminho!”

 

“oceano no qual me mergulho e perco” (MI)

Em Deus, a nossa vida encontra o sentido, o seu lugar. Às voltas com Deus, voltamos a casa. Somos procurados, amados e enviados. Somos, infinitamente, buscadores apaixonados de Deus. Vivemos mergulhados no silêncio, na oração, na contemplação, no serviço e no encontro, trilhos que permitem a escuta e o espanto perante a possibilidade do Outro, de ser palavra sua e reino seu, espaço de bondade e beleza que revela Deus.