70 anos de uma história a acontecer

Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres (1955-2025)

A história da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres é, ao mesmo tempo, uma aventura de fé e um testemunho de entrega. Tem as suas raízes em Elvas, no coração alentejano, onde Madre Maria Isabel da Santíssima Trindade sentiu o irresistível apelo de Deus a entregar-se totalmente ao serviço dos mais pequenos e fragilizados.

Os anos que antecederam este começo não foram fáceis. De 1936 a 1939, em plena turbulência causada pela Guerra Civil de Espanha e pelos ecos de sofrimento que chegavam a Portugal, Madre Isabel viveu um verdadeiro “advento” — um tempo de espera, de discernimento e de oração. A pobreza e a dor que via à sua volta, sobretudo de crianças e idosos, tornaram-se um apelo constante no seu coração. Mas o caminho de responder a esse apelo nem sempre foi luminoso: houve dúvidas, incompreensões, obstáculos e momentos de solidão. Foram anos de sombras misturados com clarões de esperança.

No silêncio da oração, porém, foi-se tornando claro, no horizonte, o surgir de um novo carisma na Igreja, uma nova forma de consagração a Deus por meio dos Pobres, inspirada pela espiritualidade mariana de Santa Beatriz da Silva e franciscana do Pobre de Assis. O modelo de seguimento do Senhor é Maria, na entrega simples e total à semelhança de Maria Imaculada. “Eis a serva do Senhor” (cf. Lc 1, 38) tornou-se chave e bússola. Foi em plena liberdade que Madre Isabel, correspondendo à inspiração do Senhor, fez um caminho de discernimento e entrega para, sempre mais, amar, servir e anunciar o Evangelho, começando em Portugal, mas pouco a pouco, noutros cantos do mundo, em Moçambique em 1972, no México em 1998 e em 2001, em Timor-Leste.

Depois de muitos anos de procura, a nova Congregação recebeu, a 5 de julho de 1955, a aprovação do Papa Pio XII. Esta data marca oficialmente o nascimento da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, que agora, em 2025, celebra já 70 anos de reconhecimento na Igreja. Mais tarde, em 1998, veio outro momento de graça: o Papa João Paulo II concedeu-lhe o estatuto de Direito Pontifício, confirmando assim a maturidade e a universalidade desta missão.

Olhando para estes 70 anos de história, reconhecemos que Deus montou a sua tenda entre nós, que está continuamente presente e atuante neste caminho feito de ousadia e fidelidade. Um caminho onde a oração e o serviço caminham de mãos dadas, atravessando tempos de luz e de sombra, mas sempre sustentados por uma certeza: Deus escreve a sua história através daqueles que se dispõem a servir com simplicidade e amor. Madre Isabel atribui ao Senhor o que, por meio dela, Ele realiza e com fé e humildade reconhece: “Jesus, o nosso modelo, fez tudo com instrumentos humildes e pobres.”; “Deus serviu-se de mim para que se veja a sua obra. Ele sempre utiliza instrumentos desproporcionados.” (Maria Isabel)

Hoje, a nossa missão tem um toque transversal de interculturalidade, com comunidades cada vez mais heterogéneas, constituídas por Irmãs já não só de Portugal, como nos inícios, mas também por irmãs moçambicanas, mexicanas e timorenses, numa diversidade reveladora do ser de Deus, criador da diversidade e autor destes 70 ANOS DE UMA HISTÓRIA A ACONTECER. Toda a família Concepcionista continua, a cada encontro e missão, esta história concepcionista de ser evangelho vivo, na fragilidade, no cuidado e na certeza de que o Senhor continua a escrever, em todos nós, as suas maravilhas!

Seara dos Pobres 100

“oceano no qual me mergulho e perco” (MI)

Em Deus, a nossa vida encontra o sentido, o seu lugar. Às voltas com Deus, voltamos a casa. Somos procurados, amados e enviados. Somos, infinitamente, buscadores apaixonados de Deus. Vivemos mergulhados no silêncio, na oração, na contemplação, no serviço e no encontro, trilhos que permitem a escuta e o espanto perante a possibilidade do Outro, de ser palavra sua e reino seu, espaço de bondade e beleza que revela Deus.